quinta-feira, 27 de maio de 2010

Michael Jackson tomava oito medicamentos por dia

O cantor se alimentava mal e consumia muitos medicamentos. O astro pop seria viciado em vários medicamentos, incluindo antidepressivos e analgésicos.
Ele terá sofrido uma overdose de Demerol. Um opiáceo sintético, e era apenas um dos oito medicamentos que Michael Jackson misturava todos os dias. "Tive de lhe fazer muitas lavagens ao estômago", relatou a empregada de 42 anos, natural do Ruanda. "Houve uma altura em que a situação estava tão mal que nem deixava as crianças vê-lo."
Michael Jackson foi vítima dos próprios remédios.
Jackson, 50, teve vários episódios com drogas vendidas somente sob prescrição médica ao longo de sua carreira e vinha tomando remédios devido às lesões que sofria durante os ensaios para seu grande regresso artístico.
O uso destes medicamentos preocupava a família, já que vários membros do staff de Jackson tinham autorização para obter estas drogas.
Michael Jackson tinha doses letais de anestésico no sangue quando morreu. De acordo com documentos policiais, foram encontradas altas doses de propofol no corpo do artista e isso causou a sua morte, segundo uma avaliação preliminar dos resultados dos exames toxicológicos feita pelo médico legista Dr. Sathyavagiswaran.
O rei do pop morreu no dia 25 de junho, aos 50 anos, na casa que alugava em Los Angeles, Califórnia.

Alguns médicos colaboram para o uso abusivo de medicamentos


Especialistas destacam que a dependência em medicamentos também é favorecida pelo comportamento de profissionais que atendem nos consultórios.

Muitas mulheres que tomam antidepressivos prescritos por seus ginecologistas. As pessoas vão procurar remédios médicos para emagrecer e saem com fórmulas que têm ansiolíticos e outras substâncias que interferem no funcionamento psíquico.

Os médicos que fazem atendimentos rápidos para prescrever o medicamento também erram. Dá muito trabalho acertar o medicamento na dose certa para a necessidade de uma pessoa específica. Esse é um processo que dura muito tempo. O início do uso de um psicotrópico é difícil, o médico tem que ter uma formação, uma atualização permanente. Isso dá muito trabalho. Não é todo médico que está disposto, e não é todo médico que está super bem informado.


Medicamentos mais perigosos

O grupo dos opióides, ou seja, os analgésicos fortes, preocupa os médicos porque o tratamento é mais complexo devido aos efeitos mais graves da abstinência, conforme Pedro Delgado, do Ministério da Saúde.

“No Brasil existe uso abusivo desses remédios, mas é um problema menor do que na Europa e nos Estados Unidos. Tem prevalência maior entre profissionais de saúde talvez pela facilidade de acesso”.

Segundo Carlini, da Unifesp, esse grupo de remédios pode provocar até a morte. “O grande problema dessas drogas é que elas são altamente tóxicas e podem produzir overdose. A principal causa de intoxicação e morte na Europa é por heroína e morfina”, conta.

No Brasil, o Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Fiocruz, estuda os casos de intoxicação por meio de medicamentos. Os dados mais recentes são de 2007, quando 34 mil pessoas se intoxicaram por conta de remédios. Naquele ano ocorreram 90 óbitos em razão dos medicamentos.

A pesquisadora Rosany Bochner afirma que a maior parte dos casos de intoxicação por medicamentos é motivada por tentativa de suicídio. Depois, os acidentes domésticos. Os casos de intoxicação por abuso são poucos, esclareceu, acrescentando que nem sempre as estatísticas comprovam a realidade. “Quando aparece [por abuso] são os benzodiazepínicos. (…) Mas os dados que temos são só uma ponta. Tem muitos médicos que não fazem a notificação”.

Para Carlini, não é só a intoxicação que ameaça a vida de quem abusa de calmantes. “Os benzodiazepínicos deixam a pessoa grogue. As pessoas ficam mais calmas, dormem mais do que devem e têm dificuldade de exercer funções psicomotoras de precisão, como dirigir um automóvel. Há uma relação clara entre acidentes de trânsito e dirigir com ação de benzodiazepínicos”.

Morte de famosos alerta para uso abusivo de medicamentos

A exemplo dos Estados Unidos, onde tem sido frequente a morte de celebridades devido ao uso abusivo de medicamentos, a banalização do consumo de remédios já é um “problema grave” de saúde pública no Brasil, segundo autoridades do governo e médicos.

Corey Haim, o eterno rostinho juvenil de “Os garotos perdidos”, morreu subitamente em 02 de abrl de 2010 aos 38 anos em circunstâncias que ainda não foram completamente esclarecidas. O ator estava com 38 anos e já havia declarado vício em calmantes à base de substâncias como o diazepam.

O astro da música pop Michael Jackson e o ator Heath Ledger também são vítimas recentes desse tipo de dependência, que não é exclusividade de celebridades norte-americanas.

Em todo o mundo, o uso abusivo de remédios já supera o consumo somado de heroína, cocaína e ecstasy, de acordo com relatório do Departamento Internacional de Controle de Narcóticos, ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). Só nos Estados Unidos, havia em 2008 6,2 milhões de pessoas dependentes de remédios – cerca de 2% da população norte-americana.

Segundo o médico Elisaldo Carlini, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid), no Brasil o uso de calmantes entre estudantes supera o da maconha.

De acordo com médicos são três as principais classes de remédios que podem causar dependência: benzodiazepínicos (calmantes), anfetaminas (inibidores de apetite) e opióides (analgésicos).

Pedro Gabriel Godinho Delgado destaca que o grupo dos calmantes é o que mais preocupa a saúde pública atualmente. Um levantamento domiciliar de âmbito nacional sobre o uso de drogas psicotrópicas mostrou que, em 2002, 3,3% dos entrevistados já haviam consumido calmantes pelo menos uma vez na vida. No levantamento seguinte, em 2005, passou para 5,6% do total de entrevistados (7.939 pessoas nas 108 maiores cidades do país). O aumento foi de 70%.

“O aumento do consumo se deve a dois fatores, um bom e um ruim. Tem a questão da ampliação do acesso ao tratamento, o que mostra que mais pessoas estão tendo acesso ao uso racional. E o ruim é que muito provavelmente esse aumento tão significativo se deveu ao uso não racional, ao uso nocivo”, afirmou o coordenador geral da área de saúde mental do governo de São Paulo.


Medicamentos insentos de prescrição mal utilizados podem ser perigosos a saúde

Paracetamol (analgésico e antitérmico)


A superdosagem aguda pode causar necrose hepática, dose dependente, potencialmente fatal. Associado a antiinflamatórios não esteróides pode potencializar os efeitos terapêuticos, bem como os tóxicos.

Dipirona sódica (analgésico e antitérmico)


As reações mais comuns são as de hipersensibilidade, que podem chegar a produzir transtornos hematológicos por mecanismos imunológicos, tais como a agranulocitose. A agranulocitose, a leucopenia e a trombocitopenia são pouco freqüentes, porém apresentam gravidade o suficiente para serem levadas em consideração.

Ácido acetilsalicílico (AAS - analgésico e antiinflamatório)


Náuseas, vômitos, diarréia, epigastralgia, gastrite, exacerbação de úlcera péptica, hemorragia gástrica, exantema, urticárias, enjôos, acúfenos. O uso prolongado e em dose excessiva pode predispor a nefrotoxicidade. Pode induzir broncoespasmos em pacientes com asma, alergias e pólipos nasais.


Cuidados com o uso de medicamentos:
- Evite recomendações de vizinhos, amigos, parentes ou mesmo de balconistas de farmácias ou drogarias. Não confunda o balconista da farmácia com o farmacêutico.

- Na consulta, informe ao médico se você já utiliza algum medicamento e se faz uso freqüente de bebidas alcoólicas.

- No momento de adquirir medicamentos de venda livre, produtos considerados de baixo risco para tratar males menores e recorrentes, como dor de cabeça, procure orientações do farmacêutico. Esse profissional também tem um importante papel para o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Ele deve notificar às autoridades de saúde sobre a ocorrência de qualquer efeito adverso não esperado pelo uso de medicamentos.

Cuidado com automedicação: uso de medicamentos sem orientação médica coloca pacientes em risco


Você tem aquela famosa farmácia particular em casa? E no primeiro mal-estar, faz o quê? Toma remédio? Pois saiba que essa prática é arriscada, ainda mais nesta época, com numerosos casos de dengue na região. Os medicamentos podem mascarar os sintomas. E aí o tratamento pode começar tarde demais.

Tânia sempre acreditou que a saúde dela estava garantida dentro da bolsa. Só que ela descobriu da pior forma o efeito de usar um remédio sem antes ir ao médico. Foi parar no hospital depois de tomar dois comprimidos de um relaxante muscular. “Acordei super tensa, toda torta, contraída. Meus músculos estavam tensos. O problema que eu tinha era estresse. A medicação piorou”, conta a empresária Tânia Ferreira.

Esse é um o risco real. “É uma loteria perigosa. Se a pessoa tem uma crise alérgica, ela toma o remédio e isso desencadeia uma crise alérgica, como uma laringite”, explica a médica Rosângela Araújo.

Para o Conselho Regional de Farmácia, as leis que regulam a venda de remédios e a mania da população de se automedicar, colocam os remédios em primeiro lugar como causa de intoxicação no país. “A automedicação é combatida na farmácia com orientação farmacêutica. Nós temos a figura do farmacêutico para orientar a população, como deve ser tomado o medicamento”, diz André Santos, diretor regional do CRF-RJ.

Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios. Remédios que hoje podem ser vendidos em farmácias sem nenhuma orientação médica, o que não significa que eles são inofensivos. Além de reações inesperadas o uso combinado deles pode anular o efeito de um, potencializar o efeito de outro e até agravar uma doença.

O uso de determinados medicamentos é extremamente perigosos para alguém que está com o vírus da dengue. “A pessoa pode ter a situação complicada, causando a dengue hemorrágica, ainda mais complicada”, diz Rosângela Araújo.

Armazenamento correto garante eficácia de medicamentos



Cuidados no armazenamento de remédios podem evitar um problema comum: o risco de se trocar um medicamento por outro. Além disso, a precaução também garante a eficácia do produto.
Para evitar acidentes, a recomendação de farmacêuticos é separar os medicamentos de pessoas diferentes em caixas. Dentro da caixa, é possível também organizar o conteúdo por horários, evitando o problema de misturar os medicamentos.
Entretanto, os problemas não vêm apenas pelo modo como se organiza os remédios, mas também pelo local onde eles são deixados. Perto do forno, por exemplo, o aquecimento do ambiente pode prejudicar a eficácia.
Os armários sob a pia também não são locais adequados para guardar remédios. A umidade, junto com o aumento de temperatura, pode favorecer o crescimento de bactérias que contaminam os medicamentos.
Os melhores locais para armazenar os medicamentos são aqueles em que os medicamentos fiquem protegidos da luz intensa, do calor e da umidade, em local que impeça o acesso de crianças. Uma boa opção são as prateleiras mais altas, dentro de armários.

O descarte correto de medicamentos pode evitar a automedicação


Remédios são essenciais para resolver os problemas de saúde, mas depois que a enfermidade passou, normalmente sobram comprimidos nas caixas, xarope nos vidro e até ampolas de injeção. Tudo isso fica guardado nos armários até perder a validade. E o que fazemos com eles, então? Não há outra alternativa do que jogá-los fora, mas resíduos de medicamentos podem contaminar o solo e a água quando descartados no lixo ou na rede de esgoto comum. O problema é que boa parte da população não sabe disso e, pior, não há postos de recolhimento.

Segundo Luiz Carlos da Fonseca e Silva, médico e especialista em Vigilância Sanitária da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o consumidor não pode devolver os remédios para as drogarias e farmácias, a exemplo do que fazem os proprietários de celular nas lojas do ramo. “As drogarias e farmácias não têm obrigação legal para aceitá-los e, além disso, haveria risco de comercialização indevida do produto”, afirma.

É necessário que a comunidade entenda a maneira correta de armazenamento e descarte dos medicamentos. As caixas e as bulas não têm problema jogar no lixo comum, agora os comprimidos e xaropes, por exemplo, não podem ir para o aterro sanitário, pois podem causar danos ambientais ou serem utilizados por outra pessoa. De acordo com o IBGE, apenas 12,5% dos municípios brasileiros têm aterro sanitário. O restante tem os chamados lixões, o que é muito mais perigoso para a população.

A maneira correta de estar fazendo esse descarte seria procurando a COVISA, ANVISA ou Vigilância Sanitária do município para que os medicamentos vencidos sejam recolhidos e insinerados.

Conclusão: o problema existe, é grave, mas pouco está sendo feito para solucioná-lo. Enquanto isso, a população continua jogando fora os remédios de forma inadequada, e, sem saber, colocando em risco a sua própria saúde. Possivelmente, o primeiro passo para resolver a questão seja divulgar cada vez mais as conseqüências do descarte incorreto de medicamentos para que as pessoas comecem a pressionar as autoridades por um ação rápida e eficaz.


Dicas Importantes

Diante de tantas notícias alarmantes referentes a medicamentos, recomenda-se cautela e:

- Não abandone o tratamento sem conversar com um médico. Nem substitua produtos sem conferir com um especialisata o que você necessita.

- Remédios devem ser consumidos sob orientação médica. Não se automedique. O paciente tem de entender por que recebeu aquela receita e como usar o produto.

- Durante a consulta, esclareça todas as questões com o médico, especialmente se for aderir a algo novo. É preciso falar de tudo, inclusive do estilo de vida e de hábitos (se toma outros medicamentos, se consome bebida alcoólica, fuma o usa drogas, por exemplo)

- Lembre-se que não existe medicamento que sirva para todos. Portanto, não incorpore o que e adotado por um familiar ou conhecido. O que é bom para alguém, nem sempre é o ideal para você.

- Não descarte uma terapia só porque ela é antiga. Às vezes, a substância é o que basta para tratar o problema. Além disso, os remédios mais recentes não foram tão testados quanto os que estão há muitos anos no mercado.

- Na farmácia, se estiver com dúvidas, procure o farmacêutico. O trabalho do balconista é oferecer as alternativas com a formulação indicada pelo médico. Cheque a data de validade e se há lacre de segurança na caixa (prova de que não houve violação).

- Leve em conta que riscos sempre existem. Não há teste clínico que compreenda a heterogeneidade de reações do organismo humano. Um medicamento aprovado é seguro, porém isso não quer dizer que ele está livre de efeitos inesperados. Leia a bula com atenção. Relate possíveis problemas associados ao remédios para o especialista que o receitou.

Automedicação e Interação Medicamentosa

Fazer uso de medicamentos por livre escolha ou vontade com toda a certeza você pode estar detonando com a sua saúde e o pior misturando alguns medicamentos que não podem ser administrados juntos. Quando isso acontece definimos que ocorreu uma sinergia, que é quando uma medicação acaba potencializando a ação de outra. Em outra situação inversa, uma droga anularia o efeito da outra configurando antagonismo.

Não só medicamentos podem se interagir, mas também alimentos, bebidas, sucos e chás. Por exemplo, o medicamento Atenolol utilizado para regular a pressão, quando ingerido com suco de laranja, tem seu efeito e eficácia diminuídos em até 50%. Até os chás podem interagir com medicamentos, por exemplo, chá de camomila interage direto com acido acetilsalícilico (AAS) exacerbando seus efeitos. Sempre na duvida é sempre aconselhável ingerir medicamentos utilizando a água.

Relacao de algumas interações entre os medicamentos:

1

» Antiácido + AAS = o efeito do AAS chega quase a zero

2

» anticoncepcional + Vitamina C ( >1gr.) = a Vitamina C potencializa o efeito do hormônio da pílula, surgindo os efeitos colaterais desta potencialização

3

» anticoncepcional + antibiótico = o antibiótico reduz bastante o efeito do anticoncepcional

4

» antiácido + antiinflamatório = diminui a ação do antiinflamatório

5

» álcool + AAS = o álcool não deve ser ingerido com nenhum medicamento, quando ingerido com o AAS pode ocorrer sangramento estomacal

6

» insulina + AAS = diminui a taxa de açúcar do sangue, pois o AAS potencializa o efeito da insulina

7

» antiinflamatório + AAS = o antiinflamatório reduz a eficácia do AAS

8

» antiinflamatório + Lítio = o lítio se torna com alto poder de toxicidade

9

» antiácido + antibiótico = antibióticos como a tetraciclina perde até 75% de sua eficácia quando administrados com antiácidos

10

» antiácido + suplemento vitamínico = pode ocorrer uma intoxicação aguda, podendo levar a convulsões e estado de coma

11

» antidepressivo triciclíco + anti hipertensivo = os anti-hipertensivos tem sua atividade reduzida

12

» antiespasmódico + antidepressivo triciclico = aumento da freqüência cardíaca, boca seca, constipação e sonolência

13

» antiespasmódico + broncodilatador = a associação dos dois medicamentos aumenta muito a freqüência cardíaca, podendo o individuo a ter tremores, convulsões e até parada cardiaca

14

» antiespasmódico + descongestionante nasal = estimula o sistema nervoso fazendo o coração a funcionar em ritmo acelerado

15

» demenidrinato + descongestionante nasal = aumenta a freqüência cardíaca

16

» tetraciclina + leite = o cálcio contido no leite, precipita o principio ativo deste tipo de antibiótico, que não funciona como deveria.

Alguns possíveis efeitos da automedicação

A simples ingestão de medicamentos pode desencadear reações desagradáveis chamadas reações adversas, que são respostas do organismo à substância ingerida e que se torna potencialmente maior quando há prática de automedicação. Estas reações são mais frequentes quando a pessoa não se contenta em tomar um só comprimido, consumindo vários ao mesmo tempo e aumentando o risco de intoxicações (agravo à saúde) que podem diminuir, aumentar ou modificar a ação de um medicamento.

A receita médica exigida pela maioria dos medicamentos tem razão para existir. Ao se automedicar, o doente quase sempre complica ainda mais o seu problema de saúde. Um bom exemplo são os antibióticos, utilizados para combater infecções por bactérias e fungos. Não existe antibiótico que sirva para tudo. As drogas desta categoria são específicas para cada microorganismo e exigem regimes medicamentosos diferentes.

Quando o paciente se automedica com um antibiótico, em quase todas as vezes acaba tomando um remédio que não serve para o seu caso. Por exemplo, os vírus – que são a mais freqüente causa de infecção das vias aéreas superiores, inclusive das famosas gripes – não são atingidos por nenhum antibiótico. Ao tomar antibiótico para combater uma infecção viral, o doente apenas facilita o surgimento de infecções mais graves.

O pior é que mesmo nos casos em que o paciente irresponsável acerta o antibiótico, ele erra na dose. Além disso, esses remédios têm que ser tomados pelo período de tempo determinado pelo médico. Seguir a bula não é suficiente. Caso o tratamento seja interrompido antes do tempo, existe uma grande possibilidade de surgir uma “super-bactéria”, que após ter perdido a primeira batalha para o antibiótico, volta mais forte e com desejo de vingança. Estas infecções são então chamadas de “resistentes” e o seu tratamento é sempre difícil e quase sempre exige hospitalização.

Entretanto, não são apenas os antibióticos que representam o problema. Existem pessoas com doenças crónicas que ficam utilizando aquela mesma receita de anos atrás. Doenças como diabetes, hipertensão, hiper e hipo-tireoidismo, alergias, artrite, doenças mentais, entre outras, necessitam de avaliação constante do médico, que adapta o tratamento de acordo com a evolução da doença.

A automedicação pode mascarar diagnósticos na fase inicial da doença. Exemplo marcante é no diagnóstico de apendicite aguda. O doente inicia com um quadro frusto, se automedica com antibióticos. Como conseqüência, a apendicite aguda em fase inicial, que se resolveria com uma apendicectomia tecnicamente fácil, pode evoluir para um quadro de peritonite grave com consequências às vezes funestas.

Do mesmo modo, neoplasias gástricas e intestinais podem ter diagnósticos mascarados e retardados pela melhora de sintomas promovida por bloqueadores de bomba de próton ou outros medicamentos que agem no tubo digestivo.

Outro exemplo relevante é o tratamento inadequado de alguma Doença Sexualmente Transmissível (DST) que pode levar a uma melhora (que parece cura) e o paciente continua a contaminar seus parceiros(as). Mesmo se o medicamento ministrado estiver sido correto, caso o parceiro (a) também não se submeta a um tratamento, volta a contaminar o paciente, mantendo o problema de forma indefinida. É essencial uma orientação adequada para o tratamento precoce dos parceiros, através de exames de rotina para identificação e tratamento.

Há vantagens na automedicação?

Entre os benefícios citados pelos que defendem o uso de medicamentos mesmo sem a devida prescrição estariam:

- a diminuição substancial de custos para o sistema de saúde;

- a otimizacao de recursos governamentais;

- a diminuição de custos aos usuários;

- o conforto para os usuários (não há necessidade de ir a um serviço de saúde para tratar de um sintoma já conhecido);

- a melhor qualidade de vida (produtos de caráter preventivo como vitaminas, antioxidantes,etc); e

- o exercício do “direito de atuar sobre a própria saúde”.

Argumentos altamente questionáveis se comparados aos riscos que o uso incorreto de medicamentos traz a pessoa.

Motivos que levam à automedicação

Vários são os motivos que levam a automedicação. A superlotação de postos e hospitais tornam o atendimento público demorado e, deste modo faz com que as pessoas, procurem o ‘caminho mais fácil’, a farmácia ou o armário de casa. Onde não é preciso esperar na fila.

Muitas pessoas, principalmente os jovens, pensam que os medicamentos são sempre inofensivos. Alguns medicamentos com uso simultêneo do álcool podem causar sintomas desde irritações na pele (urticárias) até amnésia (esquecimento) ou até mesmo levar ao coma; o uso inadequado de alguns princípios ativos são utilizados para fins abortivos sem qualquer tipo de assistência o que pode levar a consequências graves, chegando até o óbito; o AASS, popularmente conhecido, pode levar a graves hemorragias se associados a alguns medicamentos ou até mesmo a um estado patológico do paciente.

A propaganda desenfreada e massiva de determinados medicamentos contrasta com as tímidas campanhas que tentam esclarecer os perigos da automedicação. E, além disso, a maioria das propagandas de medicamentos não anuncia claramente as contra-indicações. A mídia televisiva e vários outros meios de comunicação e propaganda como o rádio ou "outdoors" insistem com seus apelos a estimular a todos a adotar tal postura. Há estimativas de que um terço dos rendimentos da indústria farmacêutica é aplicado em publicidade, o dobro do que é empregado em pesquisa. A frase utilizada na propaganda ‘Ao persistirem os sintomas procure o seu médico’ induz a automedicação já que aconselha ir ao médico somente após se fazer uso do medicamento. Hoje já é diferente quando diz pra procurar o médico ou o farmacêutico, isso porque alguns medicamentos são livres de prescrioção médica. Mas não são livres de orientação.

Pode-se citar mais motivos que contribuem para que as pessoas se automediquem:

- a facilidade de aquisição de medicamentos nas farmácias públicas ou privadas sem a devida indicação medica;

- repetição de conduta anterior;

- a carência da população ao acesso a assistência farmacêutica adequada;

- até mesmo venda em estabelecimento não apropriado (bares e mercado); e

- comportamento cultural em que se acredita que um determinado medicamento pode ser adequado a qualquer indivíduo, ou seja, uso de medicamento por indicação de um amigo.

Publicidade de medicamentos induz a automedicação



Uma pesquisa da Fundação Procon-SP revela que publicidade de medicamentos induz à automedicação. De acordo com o relatório, 63,33% dos entrevistados pelo instituto acredita que podem tomar remédios por conta própria baseados nos anúncios dos produtos. "É preocupante a prática da automedicação, que põe em risco saúde e segurança do cidadão", informou a fundação, em nota.
A entidade, ligada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, afirma que no Brasil, a publicidade de medicamentos de venda livre (analgésicos, antitérmicos, antidiarréicos, entre outros) é autorizada, mas é preciso evitar "abusos".

Segundo a legislação em vigor, deve constar na publicidade apenas uma advertência obrigatória (neste caso, o aviso "a persistirem os sintomas, um médico deverá ser consultado"), mas deve-se também coibir a veiculação de informações não comprovadas cientificamente sobre o produto, a sugestão de ausência de efeitos colaterais e promessas de desempenhos "milagrosos", por exemplo.

O que é automedicação



Automedicação é a administração de medicamentos sem orientação ou prescrição médica. No Brasil, ela é bastante comum. Não é raro encontrar alguém utilizando o mesmo remédio que o irmão ou vizinho tomou em caso de gastrite, hipertensão, tratamento da obesidade.

Atribui-se ao baixo poder aquisitivo da população brasileira a existência de grande quantidade de pessoas se automedicando. Sem condições financeiras de adiquirir um plano de saúde ou procurar um médico "particular", encurralado pela morosidade e ineficiência do sistema de saúde, que provavelmente não resolverá seu problema em tempo hábil, o doente parte para o uso de medicamentos indicados por leigos.

Porém, o baixo poder aquisitivo da população não explica, por si só, o fenômeno da automedicação já que ela ocorre também nas camadas mais privilegiadas. Portanto, é necessário alertar a todos que a administração de medicamentos errados, ou até perigosos, e ainda em dosagens inadequadas pode causar conseqüências trágicas que vão desde a indução à dependência até a intoxicação.

No Brasil, a intoxicação por medicamentos é bastante comum: Dados do Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX) da Universidade de São Paulo (USP) apontam que dos 3211 casos de intoxicação registrados em 1998, 40% foram provocados por medicamentos. É importante lembrar: todo medicamento é uma droga e tem efeitos colaterais.